"A Arte da Performance" é um clássico. O livro, editado e traduzido em muitos países, com versões constantemente atualizadas pela autora, é a grande referência de um repertório histórico que contextualiza o nascimento e o desenvolvimento da performance no cenário internacional. Forma híbrida de expressão artística, complexa nos desafios que ela impõe em sua relação multifacetada com o público, a performance é também uma linguagem repleta de pulsão, de vitalidade e de urgência, um modo de atuar no mundo que mistura irrevogavelmente a arte e a vida. E é em função dessa pulsão e dessa urgência que o trabalho de Roselee Goldberg se destaca. Ex-diretora da galeria do Royal College of Art, em Londres, e do espaço The Kitchen, em Nova York, ela já é docente da New York University e curadora de vários projetos internacionais na área da performance. Pesquisadora dotada de um espírito analítico acurado e de uma saudável ausência de pré-conceitos, ela olha cuidadosamente para a cena performática que envolve cada momento de sua história no Ocidente - desde o início da vanguarda com "Ubu Rei", de Alfred Jarry, e do futurismo italiano, até as obras contemporâneas do norte-americano Matthew Barney - e a descreve em meandros, com abundância de detalhes. Goldberg se aproxima dos fatos, locais e pessoas com generosa intimidade. Ela nos faz penetrar a cena. A performance, assim, ganha corpo, estatura. Infiltra-se como arte viva no contexto oficial dos acontecimentos, expandindo nossa maneira de considerar a própria história da arte ocidental. A autora, enfim, nos presenteia com a força da experimentação de criadores que sempre levaram a arte a novos e inesquecíveis limites. E isso é um ato que potencializa a vida. (Katia Canton)